A AUTORA

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Família


Nós somos os sorrisos de cumplicidade
Somos a força na dificuldade
A Família constrói-se a todo o momento
Nós somos as brincadeiras e as obrigações
Somos as regras e as contradições
A Família fomenta o melhor sentimento

A estrada percorremos, juntos, a pé
Unidos nunca perdemos a fé
Somos Família de amor incondicional
Os dias nem sempre iluminados
Acabam por tornar-se bons aliados
Da Família que luta por igual

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Rasguei o Céu


Rasguei o céu sem pedir licença
Agora aguardo a minha sentença
Mas soube-me melhor que chocolate
Queria encontrar a paz celestial
Se dizem que de cima vem o sinal
Na minha atitude não vi disparate

Rasguei o céu, mas com cuidado
Sempre fui bem-educado
Decidi concretizar o meu desejo
Muito boa gente não percebeu
Julgou-me pior que a um ateu
Fizeram do meu erro um cortejo

Rasguei o céu e encontrei
Nada disse do que achei
À fava os que me condenaram
O rasgo não causou dano maior
Prestei contas ao meu major
Incompreendidos os que me julgaram

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Percalço no caminho


Foi no caminho de regresso a casa
Já abastecida da mercearia
Que se partiu do saco uma asa
E se esparramou a compra da frutaria

Praguejei raios e coriscos
Alguma bruxa me viu passar
Começaram a cair chuviscos
Eu bem digo que me estão a invejar

A fruta, assim ali espalhada
Apanhei-a depressa e de qualquer maneira
Era só o que faltava ficar molhada
E se estragar com esta brincadeira

O saco teve de vir ao braçado
Que remédio, são de má qualidade
Quando pela loja nos era dado
Não se estragava com facilidade

Cheguei a casa sem mais nenhum percalço
Benditas as pragas que roguei ao olho gordo
Na próxima eu que o apanhe descalço
Que ele até vai cair que nem um tordo

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Bem mais valioso


Sei que ouviste as minhas preces
Pode tardar, mas não esqueces
Nunca agradeço o suficiente

Hoje recebi a tua mensagem
Na Tua perfeita linguagem
Concedeste-me o ansiado presente

És o meu melhor ouvinte
Sei que me transformo em pedinte
Acredita que sei que muitos padecem

Mãe, hoje fizeste-me reflectir
Sendo honesto e humilde a pedir
As graças tardam, mas acontecem

Choraste a morte do Teu filho tão amado
O desgosto não te deixou o coração turbado
Auxilias sempre os filhos das outras mães

Nossa Senhora hoje só posso dar graças
Sei que me proteges das ameaças
És o mais valioso dos meus bens


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Amor segue viagem


Vai amor, segue viagem
Não te demores na paragem
Olha que o comboio não espera
E ainda estamos na primavera
Vai amor, senta-te à janela
Aprecia essa paisagem bela
Com a máquina que te dei de presente
Tira fotografias da vista e da gente
Vai amor, recorda cada instante
Cada segundo é muito importante
O tempo não espera por ninguém
Mas já sabes que ele te faz bem
Vai amor, que eu vou-te esperar
Já sei o horário para te ir buscar
Quando o comboio parar na estação
Não te apresses na multidão
Amor, desembarca com tranquilidade
Vais vê-la comigo à espera, a felicidade

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Concordar com a Fantochada


 
Tenho uma tremenda aversão
A quem se acha dono da razão
A ignorância abunda com toda a lucidez
E o dito entendido não desiste da altivez

Palavras ditas com sotaque muito chique
Um exagero nas frases, em estilo de chilique
Teimam em mostrar pura inteligência
E gesticulam muito para lá da decência

Gente que vive e respira futilidade
O importante é salientar a vaidade
Continuo a concordar com esta fantochada
Assim rapidamente ficam de boca fechada

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Sentença de Morte


Com a lua bem lá no alto
O meu perfeito álibi
Fugi sem medo pelo asfalto
E a noite cerrada levou-me dali

Na manhã seguinte no jornal
Alegaram ser o crime perfeito
Nem provas, nem nenhum sinal
Nem culpado, nem suspeito

Recuso-me a viver como uma fugitiva
Já que o meu crime não foi atroz
Não espero reconhecimento em comitiva
Mas não aceito nenhum gesto feroz

O passado, paz à sua alma
Já tinha sentença de morte
Ainda tentei manter a calma
Mas não foi o seu dia de sorte

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Pessoa Invejosa


Deseja sempre aquilo que o outro tem
Insiste em não lhe desejar o bem
Destila maldade pura e pegajosa
A alegria de quem vive ao lado
É-lhe pior que estar adoentado
Assim vive a pessoa invejosa

Se o outro colhe os frutos do trabalho
Inveja-lhe até o chão de cascalho
Mas não o quanto o outro lutou
De tanto querer o mal alheio
Esquece do seu fundo de maneio
Por isso nunca o invejoso medrou

É nos olhos esbugalhados
Sempre atentos e dilatados
Que a inveja cria a sua habitação
Que Deus nos livre do invejoso
Mal ruim, pior que o leproso
Que se engasgue na sua maldição

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

A vida, o Mundo e Eu


Uma simples folha caída no chão
A sua vida, por agora, terminou
Presume-se que a sua tarefa acabou
Para dar lugar a um outro embrião

Um fruto que cai de maduro
Nem sempre é bem aproveitado
A fartura criou o malcriado
E não ensinou a pensar no futuro

Diz que nada se perde no mundo
Que tudo se transforma, indubitavelmente
Caminho para a certeza que alguém mente
Em algures se esconde um segredo profundo

Levo os dias ao sabor do meu vento
Não preciso de copiar aragens alheias
Evito pisar o chão sem as minhas meias
Nem me sento depressa noutro assento

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Dividir os medos (à mana Lucília)


Escrevi com um marcador amarelo
O tanto que me ensinas a crescer
E mesmo que usemos apenas chinelo
O caminho deixa-se sempre percorrer

Foi numa tarde de um dia feriado
Que aprendemos a andar de bicicleta
A nós nunca nada nos foi ensinado
Mas pedalámos e cortámos a meta

Eram escassos e simples os brinquedos
Mas a brincadeira era estudada ao pormenor
Quem cresce a dividir os medos
Torna-se um ser humano muito melhor