A AUTORA

quarta-feira, 11 de março de 2020

O Senhor Américo da casa pequena


O senhor Américo que mora na casa pequena
Já chegou aos “entas” de uma vida plena
Acorda cedo para ir comprar o pão
Vive de uma reforma de pouco tostão
A sua esposa há muito que partiu
Os filhos assumem que ninguém os pariu
Depois de enviuvar adoptou um canito
Um rafeiro castanho, minorca e bonito
Lá passam os dois, sempre lado a lado
A fidelidade é um bem a ser preservado
Conversa com o rafeiro, de nome Bobby
É o fiel amigo que está sempre ali
Quando à tarde o sol bate na soleira da porta
É ver os dois sentados, nada mais importa
Nos, poucos, vizinhos encontra amparo
A velhice é tramada e custa caro
Tem sempre um sorriso e uma saudação
Por muito que lhe custe levantar a mão
O Senhor Américo da casa pequena
Do muito que viu, já nada condena
Ainda tem saudades da vida de casado
A sua Clarice fazia-lhe um bem danado
Agora espera, com paciência a sobrar
O dia em que este mundo vai deixar
Só pediu aos vizinhos o grande favor
De cuidarem do seu Bobby com amor

14 comentários:

  1. Olá:- Em muitas zonas mais isoladas do Alentejo ainda existem muitas pessoas a viverem assim num isolamento (quase ) total.
    Por vezes têm a companhia de um ou dois cães e de um ou dois gatos. Áh e também de duas ou três galinhas e um galo.
    E, pouco, muito pouco mais.

    Gostei muito do poema que aflora, e muito bem, essa situação do isolamento de certas pessoas
    .
    Cumprimentos poéticos

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    1. É verdade Ricardo, infelizmente ainda há muito isolamento sénior.
      Obrigada, beijinhos

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  2. E há milhares de Américos e Américas, a quem apenas um animal quebra a solidão.
    Abraço

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  3. Um espetacular poema,
    foi muito bem imaginado
    ao senhor Américo dedicado
    que mora naquela casa pequena.

    Tenha uma boa noite amiga Isamar. Beijinhos virtuais não contagiam.

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    1. Obrigada Edumanes.
      Beijinhos e abraços virtuais não contagiam :)

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  4. Fantástico poema muito irónico também!:))

    -
    Beijos. Boa noite!

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  5. O tema não é para rir, mas o verso 'os filhos assumem que ninguém os pariu', fez-me rir. Já os últimos versos emocionaram-me...
    O Sr Américo não está muito mal, é independente, tem o seu fiel amigo, vive num lugar despoluído onde os vizinhos se conhecem...
    Um pequeno conto que resultou muito bem poetizado.
    Parabéns, Isabel.
    Tudo pelo melhor.
    Beijinhos
    ~~~~~

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  6. Uma história poeticamente bem contada.
    Gosto da tua poesia, é diferente da que se vê habitualmente.
    Querida amiga Isabel, continuação de boa semana.
    Beijo.

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    1. Muito obrigada Querido Jaime pelas suas simpáticas palavras.
      Beijinhos

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  7. Um conto em quadras… com arte e cadência e em particular, um estilo muito seu, com as "verdades" nele contidas, com a realidade dura e crua…

    Beijinho

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