O telefone tocou,
até ficar mudo
Deste lado não se
falou, mas percebeu-se tudo
É sempre ao
entardecer, que o telefone canta
Ninguém chega a atender,
o barulho já não espanta
Quem vive na
habitação, é pacato e silencioso
Passa bem sem
comunicação, o seu tempo é precioso
Quem telefona
diariamente, é persistente e audaz
Nunca ouve voz de
gente, mas acredita ser capaz
O telefone vai-se
ouvindo, um toque constrangedor
O vizinho vai-se
rindo, habituou-se ao som do motor
Em cima da
escrivaninha, com o sol a bater
De cor amarelinha,
está o telefone sem nada perceber