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quarta-feira, 27 de abril de 2011

MARIA DA ENCARNAÇÃO






Maria da Encarnação
Nascida e criada na serra
Partiu um dia sem noção
P’ra tentar ser alguém noutra terra

Não conhecia outro mundo
Para além da sua pacata localidade
Mesmo assim foi prego a fundo
Em busca da felicidade

Abandonou o chão de terra batida
E as carroças que calcavam as vielas
Deixou p’ra trás os degraus de pedra antiga
E os serões passados à luz das velas

Partiu numa manhã de neblina
No comboio que a levava à cidade
No apeadeiro deixou ficar a menina
Para na civilização a mulher ter mais vaidade

A serra perdeu mais uma vez
Para a grande cidade poderosa
Mas quem sabe a Maria talvez
Ainda troque o cravo pela rosa

Vazia, calma e sozinha
Assim deixou Maria a sua velha casa
Em pouco tempo a erva daninha
Há-de sem dó pô-la debaixo da asa

Os pais que já jazem no cemitério
Nem desconfiam que a filha desertou
Se fossem vivos achariam um mistério
Alguém abandonar o lugar que a criou

Agora a Maria da Encarnação
Vive e trabalha na capital
Poupa tudo o que pode da pensão
Para poder ir morrer à terra natal

1 comentário:

  1. Tem cabeça, tronco e membros este poema.
    Uma estranha, ou não, história de vida.

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