Imagem: Internet |
Na rua
mais antiga da minha localidade
Existe
uma mercearia, já com muita idade
Ainda se
fazem as pesagens à mão
E a
balança tem o seu jeito de ladrão
O Ti
António é o único merceeiro
Sempre
bem-disposto e prazenteiro
Gosto da
simplicidade do estabelecimento
Do cheiro
a humanidade no atendimento
O pão
é sempre fresco e estaladiço
E gosta
de vir acompanhado de chouriço
Na mercearia
não se conhece o calote
A fruta
tira-se directamente do caixote
Vende-se
a crédito, no livro anotado
Mas só
a quem não deixa chegar a fiado
O
sorriso do Ti António é o cartão de visita
Embrulha
o bacalhau amarrado com uma fita
Ainda não
aderiu às novas tecnologias
Só quando
for obrigado a tais ideologias
Os miúdos
deliram com tanto rebuçado
Bem
acamadinhos num cartucho de papel acastanhado
Fecha a
loja cedo, no horário de inverno
Mas às
sete da manhã já faz contas no caderno
A mercearia
do Ti António um dia vai fazer falta
Quando
a, por agora fraca, mentalidade da malta
Reconhecer
que um simples bom dia sorridente
Fazem valer
até um aumento do preço corrente
Maravilhoso. Contam-se pelos dedos as mercearias do género dessa do Ti António que ainda vivem, sobrevivem, ou existem neste Portugal.
ResponderEliminarTalvez exista uma ou outra nessas pequenas aldeias quase familiares. E mesmo assim, só se a Aldeia distar muito de uma grande superfície.
Existindo tem o meu apreço e aplauso
Um feliz fim de semana
É verdade Ricardo, há muito poucas mercearias como antigamente.
EliminarObrigada, beijinhos!
Fantástico! Fez-me recuar à minha infância! Que era muito assim!
ResponderEliminar-
Sinto uma brisa saudar-me ao alvorecer. [Poetizando e Encantado]
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Beijo, e um excelente fim de semana
A minha também.
EliminarObrigada Cidália, beijinhos!
Um belo poema, a recordar-me algumas mercearias que conheci há muitos anos atrás.
ResponderEliminarAbraço e bom fim de semana
Obrigada Elvira, beijinhos!
EliminarSinceramente adorei esta poesia. Fez-me voltar à minha meninice, onde era tal como descreve! Obrigada
ResponderEliminar-
Sinto que o tempo vai ficando escasso
-
Beijo e um excelente Domingo!
Era tão boa a nossa infância.
EliminarObrigada Cidália, beijinhos!
Fez-me recordar as mercearias dos meus tempos de criança.
ResponderEliminarObrigado por esta maravilhosa poesia.
Boa semana
Beijinhos
Obrigada Maria, beijinhos!
EliminarGrande sensibilidade poética para encontrar poesia
ResponderEliminarnuma mercearia que por não ter rival inflacionava
os preços... Srrsssss...
Mas, de facto, a simpatia e o carinho são muito
importantes.
Lindo poetizar.
Beijinhos
~~~~~
Obrigada Majo, beijinhos!
EliminarAgora que arranjei um pouco de força e vontade para vir aqui, sou surpreendido pela belíssima peça de poesia, inclinada para para uma realidade que já foi, por mim vivida, a cheirar a folclore, mas linda que se farta (passe a linguagem pouco apropriada). Gostava de saber onde vai buscar tanto encanto poético e até real, quando, nos anos oitenta, já poucas mercearias existiam com estas características, nomeadamente os tais livros dos «fiados»... e os cartuchos (embalagens) de papel pardo...
ResponderEliminarParabéns,
JM Ferreira
Olá Sr. José
EliminarEu ainda sou do tempo do Ti Neca e do Ti Horácio!
Obrigada pelas suas palavras, beijinhos
Tenho pena que o livro que tem em seu poder, com o título «DANÇAS E USANÇAS», não inclua este poema, porque cabe perfeitamente no conteúdo que o mesmo trata. Sei que o tema não veio na altura da sua edição... paciência!
ResponderEliminarJM Ferreira
Obrigada, fica para o seu próximo livro!
EliminarBeijinhos