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domingo, 30 de junho de 2019

À espera do autocarro


Na correria dos dias arrastados
Vejo cada vez mais pesados
Os olhos daqueles com quem me cruzo
Nos bancos do, quase vazio, jardim
Não oiço nem vejo nenhum frenesim
Apenas solitários de rosto confuso

À espera do, já apinhado, autocarro
Lembram-me figuras de barro
Aqueles que mal se conseguem mexer
Os olhares tristes e indecifráveis
Projectam os sonhos vulneráveis
Que cobardemente deixaram morrer

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Ninguém lutou


Os teus abraços não me sustentam
Tenho estilhaços que me atormentam
A tua chegada ao final de cada dia
Não me traz a tão aclamada, de nome alegria

Deitado a meu lado olhas o vazio
O silêncio é pesado, escuro e frio
O dia amanhece sem nenhuma meta
O amor adormece sem ambição concreta

Saímos de casa o caminho é diferente
O grito extravasa bem dentro da gente
Não sentimos saudade nem falta nenhuma
É a triste verdade a solidão acostuma

Chegou o momento de ser verdadeiro
Não deixar o tormento ser sempre o primeiro
Há dias assim em que o amor acabou
Inevitável o fim já que ninguém lutou

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Senhor, não me deixes desabar


Senhor, consegues me ouvir?
Hoje decidi fugir
E não tenho meta traçada
Senhor, dá-me a Tua mão
Será meu mapa, meu guião
Contigo sei que sigo na estrada

Senhor, acarreto muita bagagem
Nunca fiz tamanha viagem
Sou ignorante, mas tenho fé
Senhor, os caminhos são desconhecidos
Sigo com Teus olhos e Teus ouvidos
Por Ti deixo-me levar como a maré

Senhor, deixa-me andar amparada
Minha mão na Tua enlaçada
Assim sei que chegarei ao fim
Senhor, não me deixes desabar
A minha fé auxilia-me no caminhar
Ensina-me como a um Querubim

segunda-feira, 24 de junho de 2019

O chão é pedregoso


Não enxergo o caminho que piso
Sinto que vou acabar no abismo
Oiço ao longe choro e riso
Foi tudo destruído pelo vandalismo

O frio entranha-se até à alma
As mãos têm pouca sensibilidade
Na escuridão não se vê vivalma
Não parti totalmente e já sinto saudade

O chão é duro e pedregoso
Vou arrastando algo com meus passos
Se me deparar com alguém perigoso
Temo acabar em pedaços

Sigo o caminho quase moribunda
A coragem ameaçou que me vai abandonar
Estou quase a deixar-me ficar em terra funda
As conquistas nunca me deixaram ganhar

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Desmoronar


Deixaste no ar o teu perfume
Mas não levaste o ciúme
Que fez desmoronar esta habitação
As paredes ainda permanecem de pé
Eu acredito e não perco a fé
De conseguir uma reconstrução

Os vidros das janelas
Repletos de mazelas
Não deixam ver o exterior
A claridade não se sente convidada
A tua destruição aclamada
Repele qualquer brisa ou calor

As portas já não servem de escudo
O próprio som ficou mudo
Esmagaste a tua pouca dignidade
Que a estrada por onde vais
Não aconchegue teus ais
Nunca vais sair da mediocridade

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Menino Sardento


Uma corda a amarrar os livros
Uma boina a segurar os cabelos
Aprende a desviar-se dos perigos
As calças a bailar nos tornozelos

Menino de cara sardenta
E um sorriso travesso
No bolso vê-se a sebenta
Mas a casaca vai do avesso

O mundo diz que vai ser seu
Ser catraio não dura os eternos
Por agora deixa-se ser plebeu
E vai rabiscando os cadernos

Na escola com o seu regimento
As brincadeiras são do mais audaz
Na sala de aula o ensinamento
Vai incutindo o homem ao rapaz

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Dissabor


Vi-te sair de tua casa
E como um ferro em brasa
Senti queimar meu coração

Ias montado a cavalo
Eu quase que te falo
Tive que conter a emoção

Fui-te perdendo de vista
E como um chantagista
Segui-te uns passos atrás

Quando desceste do cavalo
Veio um moço, talvez vassalo
Segurou o animal como um capataz

Entraste na casa dela
Que nada tem de donzela
E espezinhaste o meu amor

Já não fiquei à tua espera
Destruíste a minha quimera
Desejo-te o mesmo dissabor

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Santo António - 13 de Junho

O teu admirável dom como pregador
Exercia fascínio sobre as multidões
A defesa do pobre e a reprimenda do rico
Assim eram os teus valiosos sermões.

Santo pelo povo venerado
Padroeiro dos pobres e oprimidos
És por todos muito festejado
Obrigado por atenderes nossos pedidos.

Não há casa que não te venere
Nos seus oratórios enfeitados
Padroeiro de quem trabalha arduamente
És um dos Santos mais amados.

Santo António te invocamos
Para achar coisas perdidas
Protege o lar onde habitamos
Ajuda-nos a sarar as feridas.

Tens ao colo o menino Jesus
Companheiros na cumplicidade
Santo António ilumina-nos com a tua luz
E guia-nos no caminho da verdade

terça-feira, 11 de junho de 2019

Jardim de Gratidão


Criei com muito carinho
Um jardim de gratidão
Cresce cada dia um pouquinho
Lá esvazio o meu coração

Tenho flores muito variadas
Simples, mas com significado
São sempre todas regadas
Com abundância de um obrigado

Tenho sempre que agradecer
Por muito pouco que seja
O que não for para acontecer
Não fará falta na minha bandeja

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A Solidão é uma Pobreza


A solidão é uma pobreza
E a sua tamanha grandeza
Ultrapassa um nível vergonhoso
Apesar de fácil resolução
Há quem não ajude o seu irmão
Porque já nem sabe ser afectuoso

Os pobres do abandono
Pobres sem rei nem trono
Vivem de escassa esmola
Pobreza de vida cruel
Onde a companhia sabe a fel
Solidão do vazio na gaiola

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Gosto da Escola (Poesia Infantil)


Gosto de ir à escola
É tão bom aprender
Os livros vão na sacola
E no recreio adoro correr

A escola é minha amiga
Até me ensinou uma cantiga
As brincadeiras com os amigos
Sempre divertidas e sem perigos

Estudar diariamente
Para ajudar a mente
Faz bem ao crescimento
E até passo um bom momento

Na escola sou aprendiz
Mas também posso ensinar
Sinto-me muito feliz
Quando um colega consigo ajudar

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Vontade de ter Coragem


Perdi a postura, mas foi sem intenção
Busco agora a cura para esta indiscrição
Tenho o maior cuidado com palavras insanas
Oiço ao longe o pecado a uivar entre as canas

Rasguei a carta que escrevi porque não fazia sentido
Se a tivesse entregue a ti não verias meu coração partido
Vou organizar o pensamento e escrever com precaução
Apesar deste mau momento sempre me dirigi com educação

A minha simples vontade de compreender a coragem
Faz-me não deixar pela metade nenhum plano de viagem
Chegando ao meu destino, cansada, mas feliz
O meu ego ainda que pequenino foi o melhor aprendiz

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