Disseram-me que
devia escrever, um poema de amor ideal
Melhor tónico não
devia haver, para afoguentar qualquer mal
Olhei-os de
soslaio, desconfiado de tamanha crendice
Nessa de certeza
não caio, já me formei na técnica da aldrabice
Falaram-me das
maravilhas de um amor digno de romance
Eu ainda desconfio
das filhas, que nascem de um só freelance
Pediram com
lamechice, escreve sobre um amor eterno
Não faço essa
canalhice, inventar um mundo sem inferno
Vieram com carga da
pesada, um poeta escreve o amor
Estão carregados
p’ra nada, não sou poeta nem sequer escritor
Pega na caneta e
deixa sair, poemas de amor nunca são demais
Eu não procuro um
elixir, tento escrever apenas os meus ideais
Disseram-me que
devia estar louco, o amor é o que mais vende
Sou pobre nascido
com pouco, o que tenho a ninguém ofende
Para já fica ainda
na prateleira, o poema de amor irrepreensível
Um dia solto a
coleira, e a missão deixará de ser impossível