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quarta-feira, 27 de abril de 2022

Lugar do silêncio

 



A estrada ainda é de terra batida

Rodeada de eucaliptos e carqueja

A gente passa por lá despercebida

A calma continua a ser a preferida

É um sossego que nem todo o mundo deseja

 

As casas, escassas e desabitadas

Complementam o silêncio do lugar

As pessoas ali nascidas e criadas

Desertaram para as modernices desejadas

Abandonando o que tinha mesmo de ficar

 

Nos dias de calor, o pó percorre a estrada

Na chuva, a lama toma conta do sucedido

Podia ser chamado de terra encantada

Mas a vida armou-lhe uma cilada

O povo escolheu a cidade, iludido


segunda-feira, 11 de abril de 2022

Casa Centenária

 



A casa está degradada, é centenária

Já conheceu gente de muita faixa etária

O tempo não teve isso em consideração

Só resta a fachada, que outrora fora bela

Mas hoje em dia ninguém quer saber dela

Vive o abandono iludida na solidão

 

As silvas querem apropriar-se do que resta

Insistem que é delas o que já não presta

Acabarão por esconder o resto do esqueleto

Os supostos herdeiros de tão antiga moradia

Vivem descaradamente numa responsabilidade fugidia

Assumem um modo de vida a branco e preto

 

O inverno se vier duro e intragável

A pobre fachada ficará miserável

Será o fim de uma história por narrar

Quem te conheceu no passado imponente

Soube reconhecer tão valioso presente

E está a velar-te no céu de estrelas a brilhar


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