A carroça quebrou

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A meio do caminho

A carroça quebrou

O burro espertinho

A correr, desertou

O pobre lavrador

Sem o seu sustento

Ficou num clamor

De tamanho tormento

Que faria agora

Com a carroça partida

O jumento por aí fora

Mas que raio de vida

Ao regressar à quinta

Vazio como o ar

A mulher Jacinta

Desatou a perguntar

Depois de tudo explicado

E a tristeza partilhada

Chegava todo derrabado

O jumento pela estrada

Com a ajuda do vizinho

A carroça se consertou

A quem anda por bom caminho

Sempre Deus o ajudou.

Sabes, Senhor …

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Sabes, Senhor, hoje pequei

Deliberadamente errei

E preciso de me redimir

Sabes, Senhor, sinto um vazio

O meu corpo está doentio

Tenho medo de saber fugir

Sabes, Senhor, sou incapaz

Deixo-me ficar para trás

E aceito facilmente a derrota

Sabes, Senhor, tenho medo

É este o meu segredo

Nunca soube fazer batota

Sabes, Senhor, preciso Te falar

Podes ensinar-me a lutar?

Quero ganhar uma batalha

Sabes, Senhor, não sou forte

Muitas vezes perco o norte

E não sei contornar a muralha

Sabes, Senhor, sob a Tua direcção

O meu fraco coração

Aprendeu a ser corajoso

Sabes, Senhor, fico a dever-Te

É impensável perder-Te

Meu Deus Todo Poderoso.

Malandro Doutorado

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Doutor da boa vida

Da malandrice aplicada

A preguiça é mais querida

Para quem não faz nada

O esforço é só o essencial

Não vá trabalhar demais

O descanso é um bom sinal

Para os alérgicos laborais

O malandro é perspicaz

Sabe fugir ao trabalho

O muito pouco que faz

Já o deixa num frangalho

Venha a nós a ociosidade

E um dia descansado

A indolência é uma exclusividade

Do malandro doutorado.

A tristeza não foi convidada

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A tristeza chegou de madrugada

Fez-se de convidada

E decidiu passar o dia

Ninguém quer a sua presença

Ela é pior do que pensa

É um horror de companhia

Se ela decidiu ficar

Sem ninguém a convidar

Eu tinha que desaparecer

Deixei o tempo a fazer sala

Peguei no casaco e na mala

E fui ver o dia florescer.

Os Avós

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O avô leva pela mão

O seu netinho adorado

É como um só coração

Que bate em duplicado

É amor intemporal

Com mais sabedoria

É um cuidado paternal

Repleto de alegria

São duas gerações

Unidas para a eternidade

São camadas de protecções

Preenchidas de felicidade.

Dia de Portugal

Levanto a mão com orgulho

E canto por quem merece a minha voz

Portugal, por ti fazemos barulho

Portugal és de todos nós

Levo a alma de bandeja

Por um povo que navegou o desconhecido

Portugal, não importa onde esteja

Meu coração estará sempre contigo

Portugal de memórias, com passado

Terra de quem aprendeu a lutar

Portugal és um país idolatrado

Por quem sabe como é difícil ganhar.

Convencida da viatura

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O carro avariou na estrada

O silêncio era assustador

Senti-me quase encurralada

E ninguém para pedir um favor

Àquela hora era um deserto

Não se via ninguém a passar

Se ao menos estivesse perto

Ia sozinha a caminhar

A convencida da viatura

Não deu mais nenhum sinal

Pensa que precisa de aventura

E acha-se um ser especial

Reconheço-te a comodidade

E a rapidez na deslocação

Mas não queiras ver amizade

Onde há apenas servidão.

O sonho acabou devoluto

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Tínhamos o sonho de ganhar o mundo

Sem compromissos feito um vagabundo

Para realizar o nosso desejo

Pensávamos que estava no papo

E que com qualquer farrapo

Desfilávamos no cortejo

Aprendemos da pior maneira

Que a linda ameixoeira

Nem sempre dá fruto

Não criamos nenhuma provisão

Nunca fomos bons em gestão

E o sonho acabou devoluto

Ficamos no mesmo lugar

Ainda sem saber como avançar

Com o amor que ainda nos segura

As mãos agora estão entrelaçadas

Mais fortes do que separadas

Por enquanto é esta a nossa aventura.