Levei um pedaço da tua gratidão
E guardei-a no bolso do casaco
Quem sabe, pelo sim, pelo não
Me fosse cair algum bocado!
Parti para parte nenhuma
E encontrei um mendigo a pedir
Perguntou-me: “a menina fuma?”
“Credo! Isso é um mal a abolir!”
Olhou-me desconfiado
E a sua boca não mais se abriu
Continuei para nenhum lado
E o mendigo não mais se viu.
Como por intuição
Levei a mão à algibeira
Lá estava o pedaço da tua gratidão
Que bom tê-la à minha beira!
Mais um atraso no caminho
Desta foi um transeunte perdido
Disse-lhe que sigo como as velas do moinho
Que para onde vou, me basta o que tenho vivido.
Não percebeu o que lhe quis dizer
E continuou perdido na estrada
Eu esforcei-me por esclarecer
Mas rejeitou e seguiu na enseada.
Quando finalmente encontrei o meu rumo
Parei para absorver aquela sensação
E como fugaz segue o fumo
Assim soltei a tua gratidão.