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segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Um dia a gente acerta


Agimos devagarinho e com muito cuidado
Mas o amor é tramado
Passou-nos a perna com ligeireza
Não fizemos cerimónia e saímos mais cedo
Nada estava planeado, nem era segredo
E no regresso a casa a chuva fez a limpeza

No dia seguinte logo pela manhã
Acordamos leves, de cabeça sã
E com o coração bem preparado
O amor ferveu o café no fogão
Deixou em cima da mesa a cesta do pão
O serviço parecia estar terminado

Depois desse dia seguimos adiante
O respeito é o melhor calmante
O amor vai estar sempre alerta
Aprendemos a dividir a dificuldade
A partilhar cada gota de felicidade
De tanto tentar, um dia a gente acerta

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

O tempo não espera por mim


Pequei sem motivo
Deixei-me levar pela emoção
Não soube passar pelo crivo
E ofendi o meu guardião

Por momentos tornei-me mesquinha
E queixei-me sem fundamento
Não acreditei na sorte que tinha
Agora só posso dizer que lamento

Prendi-me a fracos ideais
E estagnei na caminhada
Agradecer nunca é demais
Antes grata que mal-educada

O tempo diz que não espera por mim
Que já me deu muitas oportunidades
Resta-me ganhar juízo antes do fim
E deixar de lado as futilidades

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Onde encontro o Natal


É no sorriso de um estranho
Despretensioso e sem tamanho
Onde encontro o Natal
É no calor da lareira que arde
E no sol que aparece de tarde
Onde encontro o Natal

É na vez cedida a um idoso
O atendimento está p’ra lá de moroso
Onde encontro o Natal
É no vizinho que partilha os ovos
Já assim era nos antigos povos
Onde encontro o Natal

É na ajuda sem contrapartida
Que semeia o melhor da vida
Onde encontro o Natal
É na oração pelo doente
Quem ama, sofre e sente
Onde encontro o Natal

É na guarida ao animal abandonado
Ninguém nasce desabrigado
Onde encontro o Natal
É na segunda oportunidade
O mundo constrói-se da fraternidade
Onde encontro o Natal

domingo, 22 de dezembro de 2019

Todos os dias é Natal

Freepik

É mais que tempo de aprender
Que a Família é sempre especial
Já é mais que tempo de saber
Que todos os dias devia ser Natal

É mais que tempo de dar valor
Ao que é nosso, tradicional
Já é tempo de repartir o amor
Porque todos os dias devia ser Natal

É mais que tempo de saber ouvir
Porque falar demais torna-se banal
Já é tempo de saber dividir
Todos os dias devia ser Natal

É mais que tempo de ajudar o irmão
E deixar de vez o pedestal
Já é mais que tempo de repartir o pão
Porque todos os dias é Natal

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Carta ao Pai Natal

Netclipart.com

Querido Pai Natal
Tu que és aquele, tu que és o tal
Que nos entope a chaminé
Não sei se de trenó, não sei se a pé
Venho por este meio reclamar
Que não gosto do teu modo de trabalhar.
Acho que exageras na história dos presentes,
Cada ano que passa, mais mentes.
Enganas as crianças,
Dás-lhes falsas esperanças,
Porque muitas vezes quem se portou mal
É quem mais recebe no Natal.
Vê lá se cortas na comida, toma jeito,
Há quem goste de ti, ninguém é perfeito!
Quanto às prendas que ofereces
E só dás a quem merece
Espero bem que estejas legalizado,
Porque, ou somos filhos ou somos enteados.
Pronto, não te quero roubar mais tempo
Ouvi dizer que andas farto de trabalhar
Corta mas é essa barba
Porque a história do velhinho
Já começa a cansar

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Natal

Imagem: Wallpaperswide
Natal é fazer alguém sorrir
Como a neve, que ao cair
Provoca o sorriso de uma criança
Natal é o aconchego da lareira
São as conversas e as brincadeiras
É o despertar de uma nova esperança.

Natal é o frio de madrugada
Que traz o Sol como camarada
Para nos iluminar mais um dia de incerteza
Natal é a família em harmonia
Que preserva o valor da alegria
E se junta ao redor da mesa.

Natal é o abraço apertado
Que, sem ser pedido, é dado
E aquece até o mais frio coração
Natal é amar sem contrapartida
É perdoar, porque é o ciclo da vida
Natal é saber repartir o pão

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Será Natal?


Dizem por aí que é Natal!
Não será antes um puro consumismo
Disfarçado do mais barato eufemismo?
Não se vê nenhuma vontade
Nem de dar a simples liberdade
Quanto mais o necessário
Como um belo breviário!
Pois eu cá p’ra mim não é Natal
Pelo menos daquele que é real
De Amor, de Paz, Compreensão,
De Alegria, Bondade e Devoção.
É apenas o decorar da varanda
E se calhar porque a obrigação manda!
É ter o piscar de luzes mais brejeiro
Que o da vizinha e do bairro inteiro.
Não se ouve tocar dentro de nós
Aquela balada que até nos leva a voz,
Só se sente sair do bolso a carteira
P’ra se colocar mesmo em frente da ceifeira.
Mas continuamos a dizer que é Natal
E que se pode tudo, que não faz mal!
Mais parece que estamos na marquesa
Para a mais comum das operações
É que estas cataratas de certeza
Que nos deixam ceguinhos e charlatões!

sábado, 14 de dezembro de 2019

Engolir Sapos


Respirar bem fundo
Contar pr’a lá de cem
Cada maluco com seu mundo
Só não percebe quem não tem

Engolir alguns sapos
Não é tarefa saudável
Saber separar os trapos
Muitas vezes torna-se rentável

Ter a destreza e a habilidade
De não responder a uma ofensa
Revela uma enorme maturidade
E o agressor nem sabe o que pensa

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Extracto detalhado


Recebi num envelope sem remetente
Um extracto bem detalhado
Com um montante apurado
E o carimbo pendente

Desconhecia esta estranha situação
Não sou de ficar a dever
Senti-me frustrada e sem compreender
Não disponho de mais informação

No verso da folha preenchida
Continha as observações
Eram datas e situações
Que reconheci quase de seguida

Acabei de ser cobrada com juro
Pelos bons momentos a que não dei valor
Não soube usar os dias a meu favor
E comprometi o meu futuro

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O fim está perto

Disseram que o fim está perto
Mas eu não sei ao certo
Se serão lúcidas afirmações
Mandaram seguir com a manada
Sem justificarem nada
Julgam-nos simples peões

Disserem que nada devo temer
Quando o final acontecer
Não ficará nada pendente
Eu não sigo fracas mentalidades
Nem acredito em falsas verdades
Quem mais jura, mais mente

Vou abalar na noite cerrada
Os meus pés conhecem a estrada
O meu destino, com certeza, vai lá estar
Nada direi em voz alta
Só eu sei o que me faz falta
A minha meta, só eu posso cortar

domingo, 8 de dezembro de 2019

Nossa Senhora, chamo-te Mãe


Nossa Senhora chamo-te Mãe
Reconheço que tenho o maior bem
As Tuas graças são minha vitamina
Nossa Senhora tomo a liberdade
De Te levar p'ra qualquer cidade
Protege sempre a tua menina

Nossa Senhora eu sigo adiante
Sei que tenho o meu vigilante
A luz nunca me vai faltar
Nossa Senhora sabes que o meu passado
Foi uma lição, está ultrapassado
Porque Tu me ensinaste a lutar

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

O mar é minha testemunha


Junto ao mar com ondas revoltas
Rasguei o livro, já com folhas soltas
O vento ao ver-me assim desesperada
Levou as folhas para longe do nada

A água era gelada, a brisa era forte
Senti o vazio e o cheiro da morte
O mar aceitou ser minha testemunha
Tudo o que alcancei, foi sem nenhuma cunha

A tarde caiu, lenta e demorada
O frio tardou, mas picou a entrada
Antes que a noite me viesse descobrir
Apertei o casaco, parti, sem me despedir

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Pedi licença à tristeza


Pedi licença à escuridão da madrugada
Para partir um pouco mais cedo
Hoje falta-me ver luz na enseada
Preciso dar um fim a este medo

Pedi licença ao nevoeiro intenso
Para se dissipar com mais rapidez
Eu sei que consigo, mas quanto mais penso
Acabo sempre aliada à pequenez

Pedi licença à tristeza que me acompanha
Sugeri-lhe que tirasse um dia para férias
Finjo que gosto dela, mas faço manha
Causa-me mal-estar e entope-me as artérias

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Torneira a pingar

A torneira do lavatório
Do, já lotado, sanatório
Não pára de pingar
Já chamaram o canalizador
Que não soube qual a dor
Nem qual o mal a tratar

Os pacientes já se habituaram
Nem sequer reclamaram
O pingo não faz muito alarido
O pior, diz a direcção
São os custos de manutenção
Deixa qualquer um espavorido

Arranjaram um chico esperto
Que ao olhar bem de perto
Soube como lhe dar sumiço
Tapa-se a boca da torneira
Com fita-cola ou de outra maneira
E informa-se que está fora de serviço

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