Da Natureza Humana

 

Se alguém estranho te perguntar

Porque acreditas numa lenda urbana

Diz-lhe que há sempre margem para duvidar

Mas maioritariamente é da natureza humana

 

Se alguém estranho quiser saber

Porque trabalhas toda a semana

Diz-lhe que de algum modo tens de viver

Mas maioritariamente é da natureza humana

 

Se alguém estranho te perguntar

Porque a vaidade se tornou soberana

Diz-lhe que o mundo nos ensinou a ostentar

Mas maioritariamente é da natureza humana

 

Se alguém estranho quiser saber

Porque o povo é egoísta e sacana

Diz-lhe que o poder maior não sabe ceder

Mas maioritariamente é da natureza humana

 

Se alguém estranho te perguntar

Porque a vida parece muito leviana

Diz-lhe que o mal ainda insiste em ganhar

Mas maioritariamente é da natureza humana

Moça Vaidosa

 

Moça de cara maquilhada

Com exímio gosto pela ostentação

A saia hoje é toda rodada

A blusa é fresca e encarnada

O andar é carregado de exibição

 

Moça de olhar altivo e parco sorriso

Com a simpatia quase na reserva

O discurso é pouco, mas conciso

Gestos, só mesmo se for preciso

Dos outros, pouco ou nada observa

 

Moça de vaidade acima da média

E desapego pelo mundo que a rodeia

A sua vida foi escrita para comédia

Sem estudo nem consulta na enciclopédia

Que nunca vai conhecer a data da estreia

Simples e Saciante

 

Pequenos passos também nos levam adiante

Se no caminho aprendermos como um estudante

A estratégia é saber acrescentar algo de bom

Simples acordes podem fazer uma linda melodia

Sem pretensiosismos nem vaidade em demasia

Basta deixar a alma e o coração ouvirem o som

 

Um campo vestido de singelas margaridas

É uma riqueza para tristezas falidas

Nascida da ilustre obra do grande Criador

O alimento, por vezes pouco, na mesa do jantar

Sacia a fome de quem aprendeu a poupar

Permite-nos reconhecer o verdadeiro valor

Carroça vazia

Tanto nariz empinado

Para tão fraca altivez

Tão pouco carinho e cuidado

O que esta gentalha nos fez

Não se dão com a ralé

Nem descem do salto alto

Aos poucos perco a fé

Que escorreguem no asfalto

Tão pouca primazia

Reles seres de fraco bandulho

São como a carroça vazia

Que faz imenso barulho.

Mentira ou Verdade

Parece mentira

Que o mundo não gira

E eu sem nada saber

Não sei se é verdade

Que ter má vontade

Impede de crescer

Parece mentira

Quem aos outros tira

Mais enche o seu saco

Não sei se é verdade

Quem vive da vaidade

Acaba num caco.