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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Esqueleto gelado

 



A manhã trouxe um frio avassalador

A geada cobre o chão que daqui a pouco vou pisar

Sinto frio, as mãos anseiam o calor

Faço um café quente, aconchego-me com o seu sabor

Procuro o primeiro raio de sol, ajuda-me a acordar

 

Ainda é cedo quando saio, a rua está quase deserta

Poucos foram os corajosos como eu

A brisa corre de mansinho, mas é esperta

Continua fria, com a porta sempre aberta

Quem chegar tarde nem sabe o que perdeu

 

No meu, monótono e rotineiro, regresso

Já não sou só eu que vagueio de esqueleto gelado

Há os que, exageraram e, usam roupa em excesso

E os que insistem e se debatem com o processo

Eu, simplesmente, levo o casaco mais apertado


sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Expurgar o mal a escrever

 


De lapiseira na mão, com a alma triste e despedaçada

Escrevo o que me atormenta o coração, a angústia tornou-se pesada

As mãos querem tremer, mas não as deixo serem cobardes

Vou expurgar o mal a escrever, nem que esgote todas as tardes

Escrita apressada como eu, indicar o culpado é o objectivo

Na verdade, foi ele quem perdeu, nunca foi tenaz nem afectivo

 

As linhas enchem-se de frases, duras, verdadeiras e doridas

Não descendeste dos audazes, só aprendeste a criar as feridas

São páginas de desabafo que, estranhamente, me reedificam

O dia ainda não está safo, porque as entranhas ainda me picam

Irei escrever noite dentro, as folhas irão transbordar de caligrafia

Amanhã noticiarão o epicentro e divulgarão a bibliografia



terça-feira, 22 de setembro de 2020

Outono (repost 2015)

 

Imagem: Internet

As folhas começam a cair

O seu tempo já terminou

É o outono que começa a fluir

É o frio a dizer que já chegou


As cores agora são outras

Entre laranjas e avermelhados

Os dias são mais pequenos

E os agasalhos mais pesados

 

As frutas estão em alta

E a variedade é muito maior

São um presente da natureza

Todo este sabor multicor

 

É uma estação de transição

Acompanhada de mudanças e nostalgia

É tempo de pensar em renovação

Outono é o silêncio da magia


domingo, 20 de setembro de 2020

As minhas telhas são Teus braços (repost 2018)

 

Fonte: Internet


Pelo dia que me deste abençoado

Sou teu servo, teu criado

A minha gratidão não tem fim

Os raios de sol no meu rosto

Sei que não abandonas Teu posto

Nem sempre mereço, mas cuidas de mim

 

Pela comida que não me falta na mesa

Reconheço a Tua grandeza

As minhas telhas são Teus braços

A força e a humildade que carrego

Vieram da dor de cada prego

E das lágrimas que tornaram Teus olhos baços

 

Os alimentos que colho do meu quintal

Fruto do meu trabalho com o Teu aval

Fazem-se sentir afortunado

O conforto do meu leito

A paz e o sossego no meu peito

Vêm de Ti, meu Deus muito obrigado.


quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Creio no Pai Celestial

 


Creio que meus passos estão acompanhados

A rudez do caminho não me causa entraves

Creio que os meus dias são sempre abençoados

Com o amor do meu Deus posso voar como as aves

 

Creio na magnitude do Senhor da criação

Aprendi a esperar e a entender a Sua resposta

Nem sempre à primeira vista vejo a solução

Mas no momento certo é certeira a Sua proposta

 

Creio no Deus que me concedeu a vida

E agradeço a Sua, constante, benevolência

Creio que quem tem fé, dificilmente duvida

Quem nasce do amor maior, conhece a resiliência

 

Creio na importância de um dia lúgubre

Em tudo se pode extrair um ensinamento

Creio que o abraço do meu Senhor é salubre

A Seus pés, permito-me descansar meu tormento

 

Creio em Deus, meu abrigo incondicional

És o lar, sem telhas, paredes ou janela

Creio no Pai magnificentíssimo e celestial

Humildemente te ofereço a minha tutela


segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Amor Peculiar

 


Penso que sofro de amor por engano

Querem arrastar-me para o lado mundano

A minha sanidade está num, preocupante, limbo

Não me oiço suspirar sem causa aparente

Dizem que amar é um suspiro recorrente

Abomino ser catalogada com o mesmo carimbo

 

Querem que ame, louca e perdidamente

Fazem envergonhar-me de ser descrente

De um amor, supostamente, eterno

Vão tentar apanhar-me só e desprevenida

Sei que vou lutar, mas temo não ter saída

Finjo amar na primavera, mas fugirei no inverno

 

Sou imune à necessidade da adrenalina da paixão

A minha estrutura conserva-se sem grande emoção

O dito amor nunca me suscitou curiosidade

Posso viver com paixões simples e banais

Sem suspiros, palpitações e outros sinais

O amor com que vivo, sofre de peculiaridade



terça-feira, 8 de setembro de 2020

Leiga a Navegar

Fiz-me ao mar, no bote já envelhecido

Sou leiga a navegar, mas o foco não está comprometido

Os remos são pesados, as ondas dão-me luta

Os problemas já estão elaborados, é certa a disputa

 

O céu leva-me, sem questionar o trajecto

A coragem, aos poucos, aguça-me a destreza

Revejo os planos do ambicioso projecto

Sozinha em alto mar, junto-me com a correnteza

 

A brisa marinha, toca-me o rosto envergonhadamente

Nasce-me uma rainha, que morre prematuramente

Sou um navegador, em água bravia e salgada

Rasgo o mar com clamor, lavando a alma magoada

 

As velas obedientes, corajosas e altivas

São a companhia ideal nesta viagem

Remando, as minhas raízes estão mais vivas

Eu, o mar e o céu, chegam de bagagem

 



sábado, 5 de setembro de 2020

Abandono Cruel

 


As casas estão degradadas, já foram bonitas

Os anos não se compadeceram das suas fitas

O chão nunca conheceu o asfalto

O abandono causa algum sobressalto

Os habitantes são poucos e em idade sábia

A juventude abalou, inchada em lábia

O lugar que outrora foi muito apetecido

Está por sua conta, mas sente-se perdido

Dizem que quando a alegria se quiser reformar

É ali que vai ver uma casa para arrendar

Os políticos que tanto aclamaram nas eleições

Abandonaram-nos à sorte sem direcções

A aldeia ainda tem a sua beleza crua

Mas há quem não goste da verdade nua

Os senhores, ao domingo, jogam à malha

Juntam-se no largo da capela, ninguém falha

As senhoras reúnem-se na casa mais soalheira

Relembram a mocidade, tão bonita companheira


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Nosso beijo apaixonado

 


Perdemo-nos num beijo apaixonado

O mundo aceitou ficar parado

Para contemplar a nossa união

Por momentos deixamos de existir

Não pensamos no que estava por vir

Só importava o começo da nossa paixão

 

Os transeuntes que por nós passavam

Fingiam que não se importavam

Com aquela demonstração de amor

Mas seus olhos não souberem esconder

Que desejavam e ansiavam também ter

Um beijo apaixonado e arrebatador

 

Foi só nosso aquele doce momento

Perdurará no nosso pensamento

Encheu-nos o coração de nova vida

De mãos dadas seguimos o caminho

Rodeados de olhares e burburinho

A meta será sempre por nós dividida


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